As operadoras de telefonia protegem os dados de seus clientes?

Enquanto muitos lutam para conscientizar a sociedade e colocar definitivamente em vigor a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD para os íntimos) em Agosto de 2020, e outros tentam adiar ao máximo a sua rápida aplicação (Projeto de Lei nº 5.762/2019 pretende adiar para 2022 a entrada em vigor da LGPD), as operadoras de telefonia (assim como várias outras empresas) parecem não se importar com a proteção de dados de seus clientes.

Falhas de segurança básica, que seriam cometidas por amadores, vêm acometendo as maiores empresas de telefonia do país. Os casos se repetem um após o outro e, juntos, criam um cenário de total despreparo de inúmeras instituições para lidar com dados pessoais – que se tornaram a nova “mina de ouro” dos tempos atuais.

Uma grave brecha de segurança na plataforma “Minha Claro Residencial” deixou exposto os dados dos clientes da operadora; informações pessoais como nome completoendereçodata de nascimentoCPFe-mail e números de telefone. Segundo o grupo “WhiteHat Brasil”, não foi possível identificar quantas pessoas foram atingidas pelo problema. O que se sabe é que os mais de 8 milhões de clientes do serviço residencial da Claro tiveram seus dados expostos na internet. Clientes antigos da “Minha NET” ou “Claro TV” também podem ter sido atingidos. A Claro, inclusive, confirmou que houve o vazamento de dados e afirmou que “já havia corrigido o problema anteriormente”

Já a Vivo, deixou em aberto uma brecha grave de segurança em seu sistema interno, deixando exposto os dados de pelo menos 24 milhões de clientes da operadora. O problema foi descoberto em meados de Outubro deste ano. A brecha estava no portal de serviços, Meu Vivo, no qual o cliente da operadora gerencia todo seu cadastro e contas.

De negligência ao despreparo de órgãos públicos e empresas ao administrar dados de milhões de pessoas, os vazamentos vêm se tornando algo cada vez mais comum – tão comum que já não causa preocupação em algumas pessoas, mesmo que elas tenham sido vítimas dessas falhas.

Por conta de todo esse despreparo, as grandes empresas no país, certamente, vêm fazendo lobby para tentar adiar a entrada em vigor da LGPD: de 2020 para 2022, de 2022 para 2050…e por aí vai.

Assim, é de pensar: será mesmo um despreparo das empresas de telefonia, ou pura e simples negligência?

Cada vez mais nos leva a crer que as operadoras de telefonia do país, de fato, não se importam com os dados de seus milhões de clientes. Para elas, talvez sejamos meros números, só importando que “paguemos as faturas em dia”. Portanto, elas pensam, para quê proteger dados de inúmeras pessoas que sequer conhecemos – ou que sequer nos importamos? O que nos força a ficarmos mais atentos quando formos clicar nas dezenas de “termos de consentimento” pela internet afora, pois se grandes companhias não prezam por nossos dados, e vivem dando esse exemplo…por que as demais haveriam de importar?

São muitas perguntas que, infelizmente, não teremos respostas por muito tempo.

Sobretudo se decidirem adiar a lei que garante uma melhor proteção de nossos dados.

 

(Fontes: Olhar Digital e The Hack).

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Giordano Bruno

Advogado especialista em Direito Digital